terça-feira, 19 de novembro de 2013

Manifestar é preciso

  As manifestações sociais que aconteceram entre junho e julho do ano corrente no Brasil é uma fonte rica para os estudos socioantropológicos. A mobilização e agrupamento desse contingente é algo que pertence ao homem e está dentro de suas relações, logo sendo um objeto de estudo para os cientistas desse ramo.
    No dia 8 de Julho desse ano, foi publicada uma entrevista feita com o sociólogo italiano Paolo Gerbaudo, pelo jornal Folha de São Paulo o convidando para opinar sobre as manifestações sociais que ocorriam no país. Paolo é um estudioso que se interessou bastante por esses movimentos sociais tendo como objeto de estudo a Primavera Árabe e as rebeliões no Egito. Sua entrevista circundou  comparações e curiosidades sobre tal elemento social.
    Segundo o sociólogo, “Noção de povo é a chave para entender esses novos movimentos” sendo este justamente um diferencial brasileiro já que a noção de povo existente nas manifestações brasileiras foi a de englobar todas as classes e abraçar seus problemas. O estudante da universidade pública ou particular de classe média alta ou baixa foi pra rua não só pelos problemas enfrentados por eles, mas também pelas filas dos SUS quilométricas a que são subjugados a maioria da população carente.
                                                   







 A charge de Ivan Cabral ao lado corrobora  a situação de união das camadas sociais em prol do objetivo maior em combater as políticas públicas corruptas







    Em outro momento da entrevista, Paolo, cita a importância das redes sociais para esse processo de divulgações das ideias desenvolvidas pelo manifesto. Segundo ele “A ascensão das redes sociais permite que a sociedade se organize de forma mais difusa, especialmente as classes médias emergentes e a juventude das cidades. Isso desorientou os políticos e os velhos partidos, que estavam acostumados a buscar consensos através dos meios de comunicação de massa com essa afirmativa o sociólogo evidencia que essa novidade no meio de comunicação, dificulta a manipulação de informações e muitos desses “tapeios” são desmascarados com fotos e textos postados nas redes sociais, sendo isso uma arma poderosa para se que configure os movimentos.
    Porém  as manifestações, com base nos estudos sociológicos, possuem uma carga romântica quando tangem esse sentimento de apartidarismo. É normal, não só no Brasil, mas em outros lugares que esses movimentos expulsem bandeiras dos partidos. Configura-se esse momento de "interregnum", apontado por Antonio Gramsci, um sociólogo italiano, que define esse estágio quando o sistema atual de poder está em colapso e o ideal ainda não criado, ou seja uma solução utópica é considerada. Essa utopia é defendida pelos manifestantes e classificada por Paolo como “problemática e ingênua”, pois pra ele os partidos são imprescindíveis para a dinâmica da política sendo esta, uma interação de blocos e não um conjunto aleatório de pessoas.
      Foi muito discutido acerca do desaparecimento dos movimentos, mas na visão do estudioso, é uma onda que não se deve parar por aí e deverá aparecer de um jeito mais forte e de outras maneiras.   Conclui-se então,, que as manifestações são sempre bem vindas e importantes para a uma evolução político-social, mesmo com algumas ideias utópicas sempre será imprescindível para exercitar a cidadania e ação do homem dentro da sociedade. 

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