As manifestações sociais que aconteceram
entre junho e julho do ano corrente no Brasil é uma fonte rica para os estudos socioantropológicos.
A mobilização e agrupamento desse contingente é algo que pertence ao homem e
está dentro de suas relações, logo sendo um objeto de estudo para os cientistas
desse ramo.
No dia 8 de Julho desse ano, foi publicada
uma entrevista feita com o sociólogo italiano Paolo Gerbaudo, pelo jornal Folha
de São Paulo o convidando para opinar sobre as manifestações sociais que
ocorriam no país. Paolo é um estudioso que se interessou bastante por esses
movimentos sociais tendo como objeto de estudo a Primavera Árabe e as rebeliões
no Egito. Sua entrevista circundou comparações e curiosidades sobre tal elemento
social.
Segundo o sociólogo, “Noção de povo é a chave para entender esses novos movimentos”
sendo este justamente um diferencial brasileiro já que a noção de povo existente
nas manifestações brasileiras foi a de englobar todas as classes e abraçar seus
problemas. O estudante da universidade pública ou particular de classe média
alta ou baixa foi pra rua não só pelos problemas enfrentados por eles, mas
também pelas filas dos SUS quilométricas a que são subjugados a maioria da
população carente.
A charge de Ivan Cabral ao lado
corrobora a situação de união das
camadas sociais em prol do objetivo maior em combater as políticas públicas
corruptas
Em
outro momento da entrevista, Paolo, cita a importância das redes sociais para
esse processo de divulgações das ideias desenvolvidas pelo manifesto. Segundo ele
“A
ascensão das redes sociais permite que a sociedade se organize de forma mais
difusa, especialmente as classes médias emergentes e a juventude das cidades.
Isso desorientou os políticos e os velhos partidos, que estavam acostumados a
buscar consensos através dos meios de comunicação de massa” com essa afirmativa o sociólogo evidencia que essa
novidade no meio de comunicação, dificulta a manipulação de informações e muitos
desses “tapeios” são desmascarados com fotos e textos postados nas redes sociais,
sendo isso uma arma poderosa para se que configure os movimentos.
Porém as manifestações, com base nos estudos
sociológicos, possuem uma carga romântica quando tangem esse sentimento de
apartidarismo. É normal, não só no Brasil, mas em outros lugares que esses
movimentos expulsem bandeiras dos partidos. Configura-se esse momento de "interregnum", apontado por Antonio
Gramsci, um sociólogo italiano, que define esse estágio quando o sistema atual
de poder está em colapso e o ideal ainda não criado, ou seja uma solução utópica
é considerada. Essa utopia é defendida pelos manifestantes e classificada por
Paolo como “problemática e ingênua”, pois pra
ele os partidos são imprescindíveis para a dinâmica da política sendo esta, uma
interação de blocos e não um conjunto aleatório de pessoas.
Foi muito discutido acerca do desaparecimento
dos movimentos, mas na visão do estudioso, é uma onda que não se deve parar por
aí e deverá aparecer de um jeito mais forte e de outras maneiras. Conclui-se então,, que as manifestações são
sempre bem vindas e importantes para a uma evolução político-social, mesmo com
algumas ideias utópicas sempre será imprescindível para exercitar a cidadania e
ação do homem dentro da sociedade.
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